Coleção de Quadrinhos da Editora Leya traz títulos da área de Psicanálise e afins com didatismo e bom gosto.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Coleção Entendendo...
Novas opções de Freud e Psicanálise em Quadrinhos
Coleção de Quadrinhos da Editora Leya traz títulos da área de Psicanálise e afins com didatismo e bom gosto.
O projeto editorial é muito bem cuidado, com um visual bastante interessante e contemporâneo. Os dois números específicos sobre a psicanálise são muito informativos e bem dosados no conteúdo. São livros de em média 150-200 páginas, que estão com um preço honesto de R$29,90. São sempre fruto da parceria de um acadêmico, responsável pelo conteúdo, e um artista gráfico, responsável pelas ilustrações. É uma coleção originalmente britânica, e os colaboradores tendem a trabalhar na Inglaterra.
Coleção de Quadrinhos da Editora Leya traz títulos da área de Psicanálise e afins com didatismo e bom gosto.
Em 2012 a Editora Leya - holding de editoras de língua portuguesa que aportou há pouco tempo no Brasil - lançou uma coleção de Quadrinhos (HQ) chamada Entendendo..., cuja proposta é ser um guia ilustrado de introdução a uma área de pensamento ou à obra de um autor. Os primeiros números da coleção foram bem servidos em relação à área da psicanálise e atualmente temos três títulos que podem ser bem interessantes para o público "psi": Freud, Psicanálise e Jung.
Nos dois volumes dedicados à psicanálise, as ilustrações ficaram por conta de Oscar Zarate, que é um ilustrador argentino com um estilo bem marcante e diversificado. Os livrinhos trazem ilustrações bastante heterogêneas, mesclando inclusive desenho e fotografia, mostrando uma colagem de estilos que tem um resultado visual final bem agradável e bem-humorado. O conteúdo abordado é bem abrangente e também bem dosado para o público leigo. Esse é, inclusive, o grande mérito desses dois livros, pois eles servem muito bem a uma introdução ao campo da psicanálise. As informações históricas, a apresentação dos conceitos e a abrangência temporal e temática são boas. A narrativa flui bem e cativa o leitor, ilustrando muito bem os conceitos principais e fundamentais. Há um pequeno glossário de termos, indicações de leitura e um índice de temas, o que torna a obra bastante didática.
Só que isso também é um revés, já que o didatismo muitas vezes se superpõe à linguagem do quadrinho. Há momentos em que há textos interpostos, trazendo definições conceituais mais consistentes, o que ajuda na compreensão dos mesmos. Mas isso quebra o desenvolvimento da narrativa e a própria estética gráfica, o que é uma pena do ponto de vista estético. Penso que é aí que a proposta da coleção seja um pouco equivocada. Há algumas obras de quadrinho que tratam da psicanálise, como tive a oportunidade de trazer algumas vezes neste blog. Mas o propósito raramente é didático ou de apresentação dos conceitos. No máximo se trata da história da doutrina ou das personagens. O mais interessante nesses casos, pensou eu, é a linguagem propriamente estética e narrativa. Nesse sentido, os livrinhos dessa coleção deixam esse propósito de lado para tentar ser bem didáticos e explicativos.
Ora, para isso é que se tem propriamente os livros didáticos, não? Como professor, penso que uma coisa não deva substituir a outra, mas parece que esse tipo de proposta tenta fazer justamente isso. Assim, parece que o apelo é para ler o guia ilustrado, que seria mais interessante do que um livro acadêmico. Algo do como aquela coleção "para dummies", que tem também no grafismo um apelo didático. Eu não vou recomendar esses livros para quem quer conhecer psicanálise. Ainda prefiro os bons e velhos textos e se for o caso, os documentários e filmes. Mas para quem já conhece, pode ser uma leitura leve e lúdica. Recomendo, portanto, para os estudantes e profissionais 'psi' que se interessam e estudam o tema e que querem dar uma relaxada e descontraída.
Fica então a dica. Outros números estão saindo, sobre filosofia e psicologia, com autores legais como Foucault e Zizek, por exemplo, mas tem também mais números previstos de psicanálise, como o de Melanie Klein. Vale à pena conferir e acompanhar.
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