sábado, 22 de junho de 2013
Por que a Barbárie???
Por que a Guerra?
Troca de correspondências entre Freud e Einstein merece ser relida como reflexão para o atual momento da mobilização política brasileira: um arauto do pacifismo como a maior conquista da civilização moderna e única esperança contra a semente da barbárie que habita em todos nós.
Não sei se foi o espírito do tempo ou apenas a confluência de coincidências nesses últimos dias, mas me peguei relendo A Troca de Correspondência entre Freud e Einstein nos idos de 1932, em torno da iniciativa de criar uma Liga das Nações, embrião da futura Organização das Nações Unidas, que seria criada apenas depois da barbárie da Segunda Guerra Mundial como uma tentativa de suplantar o mal-estar e a barbárie no futuro. A história humana desde então nos mostra o eterno retorno desse ideal de paz e sua retumbante falha. Acho que vale à penar ler ou reler esses pequenos textos para vermos como a essência das questões continua exatamente a mesma...
Em especial, serve para nos perguntarmos o porquê da Barbárie nesse momento do movimento de mobilização política brasileira: Por que tão facilmente as coisas descambam para a pura destruição e o vandalismo? Será que somos tão ingênuos a ponto de achar que ir às ruas é suficiente para a mudança? Não corremos o perigo de perder força fragmentados em tantas reivindicações diferentes?
Tenho discutido bastante essas questões nas redes sociais, que mostraram, mais uma vez, a força da mobilização na internet, mas vou me deter no que acho que é essencial:
Esse movimento todo é a expressão de uma insatisfação nacional pela irrealização do futuro democrático que temos tentado construir nesses últimos trinta anos. Trata-se de uma crise da instituição democrática como organizador do Estado brasileiro. O povo está podendo mostrar que amadureceu, enquanto as estruturas de poder e a classe política brasileira continuam no mesmo lugar. Trata-se da falência da esperança de que um ideal ou setor político pudesse cumprir a promessa de uma sociedade justa e democrática. Por isso a luta é fundamentalmente apartidária, pois o recado é para os políticos como um todo e um grito pedindo simplesmente que eles tenham vergonha na cara e honrem sua função de representantes eleitos do povo. É mais um grito pela ética na política brasileira e contra a perversidade típica do jeito brasileiro de fazer política. É um pedido que se obedeça e reconheça simplesmente a lei: a lei do Estado e a lei moral da subjetividade moderna.
Digo isso para afirmar que não é tempo de violência, mas sim de mostrar poder. No âmbito da democracia moderna o poder está do lado de quem se submete ao ideal e luta no plano das ideias e da justiça. Devemos olhar para os exemplos de desobediência civil da história recente e perceber que a grande força do povo está em estar do lado da verdade e da convicção simbólica. Não é hora de depredar e vandalizar, essa destrutividade simplesmente nos tira do lado da razão e da civilização. Precisamos usar a força da violência para construir um ideal simbólico que nos comune e nos oriente.
Minha sugestão é que se faça um Manifesto do Povo Brasileiro, exigindo uma clara manifestação simbólica de mudança do paradigma da política brasileira. Algo que conclame a greve geral e a desobediência até que se vote por leis que garantam a civilidade e a decência política. Devemos pedir que a PEC-37 seja revogada, que a Ficha Limpa seja Aprovada e, sobretudo, exigir que os políticos brasileiros tenham a decência de renunciarem aos cargos públicos ante a qualquer denúncia ou suspeita legítima de improbidade e corrupção. Devemos nos unir em torno de bandeiras que indiquem, no simbólico, um basta; que possam traçar uma linha divisória que mostre para os políticos que o brasileiro não tolerará mais esse tipo de conduta e que passou a ter memória. Temos de entender que esse movimento é uma afirmação para nós mesmos e que somos nós quem devemos aprender que, no fundo, tudo isso que está aí e responsabilidade nossa, porque elegemos esses representantes!
Temos de mostrar que não toleraremos mais e que as regras do jogo mudaram, de verdade.
Enfim, foi mais um desabafo.
Sugiro que leiam o texto e atentem para o que Freud fala de que a força da civilização vem da utilização de nossa destrutividade intrínseca para construir ideais, instituições e leis que fomentem uma vida mais justa, mais humana e mais civilizada. Parece besteira, mas não é. Trata-se de entender que a sociedade moderna é fruto de um trabalho constante de esperança na ordem simbólica como organização e mediação dos conflitos humanos.
Fica a dica. Segue o link de um PDF do texto que disponibilizo no meu site e que foram originalmente
publicados nas Obras Completas de Freud:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/36748943/Freud%20e%20Einstein%20-%20Por%20que%20a%20guerra.pdf
Troca de correspondências entre Freud e Einstein merece ser relida como reflexão para o atual momento da mobilização política brasileira: um arauto do pacifismo como a maior conquista da civilização moderna e única esperança contra a semente da barbárie que habita em todos nós.
Não sei se foi o espírito do tempo ou apenas a confluência de coincidências nesses últimos dias, mas me peguei relendo A Troca de Correspondência entre Freud e Einstein nos idos de 1932, em torno da iniciativa de criar uma Liga das Nações, embrião da futura Organização das Nações Unidas, que seria criada apenas depois da barbárie da Segunda Guerra Mundial como uma tentativa de suplantar o mal-estar e a barbárie no futuro. A história humana desde então nos mostra o eterno retorno desse ideal de paz e sua retumbante falha. Acho que vale à penar ler ou reler esses pequenos textos para vermos como a essência das questões continua exatamente a mesma...
Em especial, serve para nos perguntarmos o porquê da Barbárie nesse momento do movimento de mobilização política brasileira: Por que tão facilmente as coisas descambam para a pura destruição e o vandalismo? Será que somos tão ingênuos a ponto de achar que ir às ruas é suficiente para a mudança? Não corremos o perigo de perder força fragmentados em tantas reivindicações diferentes?
Tenho discutido bastante essas questões nas redes sociais, que mostraram, mais uma vez, a força da mobilização na internet, mas vou me deter no que acho que é essencial:
Esse movimento todo é a expressão de uma insatisfação nacional pela irrealização do futuro democrático que temos tentado construir nesses últimos trinta anos. Trata-se de uma crise da instituição democrática como organizador do Estado brasileiro. O povo está podendo mostrar que amadureceu, enquanto as estruturas de poder e a classe política brasileira continuam no mesmo lugar. Trata-se da falência da esperança de que um ideal ou setor político pudesse cumprir a promessa de uma sociedade justa e democrática. Por isso a luta é fundamentalmente apartidária, pois o recado é para os políticos como um todo e um grito pedindo simplesmente que eles tenham vergonha na cara e honrem sua função de representantes eleitos do povo. É mais um grito pela ética na política brasileira e contra a perversidade típica do jeito brasileiro de fazer política. É um pedido que se obedeça e reconheça simplesmente a lei: a lei do Estado e a lei moral da subjetividade moderna.
Digo isso para afirmar que não é tempo de violência, mas sim de mostrar poder. No âmbito da democracia moderna o poder está do lado de quem se submete ao ideal e luta no plano das ideias e da justiça. Devemos olhar para os exemplos de desobediência civil da história recente e perceber que a grande força do povo está em estar do lado da verdade e da convicção simbólica. Não é hora de depredar e vandalizar, essa destrutividade simplesmente nos tira do lado da razão e da civilização. Precisamos usar a força da violência para construir um ideal simbólico que nos comune e nos oriente.
Minha sugestão é que se faça um Manifesto do Povo Brasileiro, exigindo uma clara manifestação simbólica de mudança do paradigma da política brasileira. Algo que conclame a greve geral e a desobediência até que se vote por leis que garantam a civilidade e a decência política. Devemos pedir que a PEC-37 seja revogada, que a Ficha Limpa seja Aprovada e, sobretudo, exigir que os políticos brasileiros tenham a decência de renunciarem aos cargos públicos ante a qualquer denúncia ou suspeita legítima de improbidade e corrupção. Devemos nos unir em torno de bandeiras que indiquem, no simbólico, um basta; que possam traçar uma linha divisória que mostre para os políticos que o brasileiro não tolerará mais esse tipo de conduta e que passou a ter memória. Temos de entender que esse movimento é uma afirmação para nós mesmos e que somos nós quem devemos aprender que, no fundo, tudo isso que está aí e responsabilidade nossa, porque elegemos esses representantes!
Temos de mostrar que não toleraremos mais e que as regras do jogo mudaram, de verdade.
Enfim, foi mais um desabafo.
Sugiro que leiam o texto e atentem para o que Freud fala de que a força da civilização vem da utilização de nossa destrutividade intrínseca para construir ideais, instituições e leis que fomentem uma vida mais justa, mais humana e mais civilizada. Parece besteira, mas não é. Trata-se de entender que a sociedade moderna é fruto de um trabalho constante de esperança na ordem simbólica como organização e mediação dos conflitos humanos.
Fica a dica. Segue o link de um PDF do texto que disponibilizo no meu site e que foram originalmente
publicados nas Obras Completas de Freud:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/36748943/Freud%20e%20Einstein%20-%20Por%20que%20a%20guerra.pdf
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Concordo com o texto, mas tenho uma questão que me martela nessa história toda: como entender as forças que violentas que essas manifestações fizeram surgir? tenho a impressão de que elas também têm algo a dizer...
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